sábado, 30 de janeiro de 2010

Os três conselhos

Um casal de jovens, recém casados, era muito pobre e vivia de favores num sítio do interior. Um dia o marido fez uma proposta à esposa:

- Querida eu vou sair de casa e vou viajar para bem distante, arrumar um emprego e trabalhar até que eu tenha condições de voltar e dar a você uma vida mais digna e confortável.
Não sei quanto tempo vou ficar longe de casa, só peço uma coisa: que você me espere e, enquanto eu estiver fora, seja fiel a mim, e eu serei fiel a você.
Assim sendo o jovem saiu. Andou muitos dias a pé, até que encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudar em sua fazenda.
Ele se ofereceu para trabalhar, e foi aceito. Sendo assim, ele propôs um pacto ao patrão:

- Patrão eu peço só uma coisa para o Senhor. Deixe-me trabalhar pelo tempo que eu quiser e quando eu achar que eu devo ir embora o Senhor me dispensa das minhas obrigações. Não quero receber o meu salário. Quero que o Senhor o coloque na poupança até o dia que eu sair daqui. No dia em que eu sair o Senhor me dá o dinheiro e eu sigo o meu caminho.

Tudo combinado, aquele jovem trabalhou muito, sem férias e sem descanso.

Depois de vinte anos ele chegou para o seu patrão e lhe disse:

- Patrão eu quero o meu dinheiro, pois estou voltando para a minha casa.
O patrão então lhe disse:

- Tudo bem, nós fizemos um pacto e eu vou cumprir, só que antes eu quero lhe fazer uma proposta.
Curioso, ele pergunta qual a proposta e seu patrão lhe diz:

- Eu lhe dou todo o seu dinheiro e você vai embora, ou eu lhe dou três conselhos, não lhe dou o dinheiro e você vai embora. Se eu lhe der o dinheiro, eu não lhe dou os conselhos. E se eu lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro. Agora, vai para o seu quarto, pensa um pouco e depois me dê a resposta.
O rapaz pensou, e depois de dois dias, procurou o seu patrão e lhe disse:

- Eu quero os três conselhos.
- Se eu lhe der os conselhos eu não lhe dou o dinheiro.
O jovem ainda hesitou um pouco, mas pediu-lhe:

- Eu quero os conselhos.

O patrão então lhe falou:

1º  "Nunca tome atalhos em sua vida, caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a sua vida";

2º " Nunca seja curioso para aquilo que é mal, pois a curiosidade pro mal
pode ser mortal";

3º " Nunca tome decisões em momentos de ódio e de dor, pois você pode
se arrepender e ser tarde demais";

Após dar os três conselhos, o patrão disse ao rapaz, que já não era tão jovem assim:

- Aqui você tem três pães, dois são para você comer durante a viagem e o terceiro é para comer com a sua esposa quando chegar em sua casa.

O rapaz  seguiu o seu caminho de volta para casa, depois de vinte anos longe de casa e da esposa que ele tanto amava. Andou o primeiro dia todo, e encontrou um viajante que o cumprimentou e lhe perguntou:

- Pra onde você vai?

- Vou para um lugar muito distante que fica a uns três dias de caminhada por esta estrada.

- Rapaz, esse caminho é muito longo, eu conheço um atalho que é dez vezes menor e você vai chegar em poucos dias.

O rapaz ficou contente e começou a seguir pelo atalho, quando lembrou-se do primeiro conselho do seu patrão:

"Nunca tome atalhos em sua vida,
caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a sua vida".

Então voltou e seguiu o seu caminho. Dias depois ele soube que aquilo era uma emboscada, e que um outro viajante foi pego, e perdeu tudo o que tinha.

Depois de mais 1 dia de viagem, achou uma pensão na beira da estrada onde pôde hospedar-se.  De madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor e muito barulho. Levantou-se de um salto só e dirigiu-se à porta para sair.
Quando lembrou do segundo conselho:

"Nunca seja curioso para aquilo que é mal, pois a curiosidade pro mal pode ser mortal". Voltou, deitou-se e dormiu.
Ao amanhecer, após tomar o café, o dono da hospedagem lhe perguntou se ele não havia ouvido um grito. E ele respondeu que sim.
- Então por que não foi ver o que era,  não ficou curioso?
Ele respondeu não. Então o hospedeiro lhe falou:

- Você é o único que saiu vivo daqui,  um louco gritou durante a noite, e quando os hóspedes saiam pra ver o que estava acontecendo, ele os matava.

O rapaz continuou seu caminho, pensando em como aqueles três conselhos lhe foram úteis. e, já ao entardecer do 3º dia, viu entre as árvores a fumaça da sua casinha, andou mais um pouco e logo viu entre os arbustos a silhueta da sua esposa.
O dia estava escurecendo, mas ele pôde ver que a sua esposa não estava só.
Andou mais um pouco e viu que ela estava acariciando um sujeito estranho, mas forte.
Ao ver aquela cena, o seu coração se encheu de ódio e amargura, e ele decidiu matar os dois sem piedade.
Apressou os passos, pegou uma barra de ferro, quando se lembrou do terceiro conselho: "Nunca tome decisões em momentos de ódio e de dor, pois você pode se arrepender e ser tarde demais". Então ele parou, refletiu e decidiu dormir aquela noite ali mesmo. Ao amanhecer, já com a cabeça fria ele disse:

- Não vou matar minha esposa e nem o seu amante. Vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de volta. Só que antes eu quero dizer para a minha esposa que eu fui fiel a ela. Dirigiu-se à porta da casa e bateu.
Ao abrir a  porta, a esposa  reconhece o seu marido. E se atira ao seu pescoço, e o abraça afetuosamente. Ele tenta afastá-la, mas não consegue, tamanha a felicidade dela. Então com lágrimas ele lhe diz:
- Eu fui fiel a você e você me trai?
- Como? __ e ainda espantada diz_ Eu não lhe traí, o esperei durante esses vinte anos.
- E aquele homem que você estava acariciando ontem ao entardecer?
- Aquele homem é nosso filho. Quando você foi embora eu descobri que estava grávida e hoje ele está com vinte anos de idade.
Então ele conheceu e abraçou seu filho, contou-lhes toda a sua história enquanto a esposa preparava o café e sentaram-se para tomar o café e comer o último pão.
Após a oração de agradecimento e lágrimas de emoção ele parte o pão, e ao parti-lo, ali estava todo o seu dinheiro...!

Autor desconhecido

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