quarta-feira, 24 de março de 2010

A parábola da roupa velha

Certa vez, um rei, mandou seus soldados colocarem um convite em praça pública para todos moradores do seu reino e dos reinos vizinhos, e quem quisesse, comparecer a uma festa incrível que seria dada no castelo neste dia.

O povo se alegrou e correu para se preparar para a tal festa. Um mendigo que morava na cidade ficou muito feliz, pois há muito tempo não comia decentemente, mas ao se aproximar do cartaz com o convite, seu semblante foi aos poucos se transformando em raiva... onde já se viu! gritava ele, esse rei é um patife!! esbravejou.

No final do convite, tinha uns dizeres que informavam: É obrigatório o uso de vestimentas Especiais.

O mendigo ficou extremamente irritado... onde iria conseguir tais roupas? então resolveu falar com o rei.

Logicamente os guardas do palácio barraram sua entrada; e ele, da porta do castelo, gritava a pleno pulmões: Eu quero falar com o rei ! Tenho direito! O rei é um homem que fala pelos dois cantos da boca... - e incomodou tanto os guardas que os fez lembrar que seu rei era muitíssimo sábio e bondoso. Então resolveram falar com o rei sobre isso e o rei permitiu a entrada.

Depois que o mendigo apresentou suas razões o rei concordou com ele e disse:
- O que me pedes é muito justo, roupas limpas... - e chamou seu filho, que prontamente atendeu o pai ao ele ordenar :

- Leve esse homem ao quarto real e lhe dê aquela roupa especial!




O filho o acompanhou pelo castelo, enquanto este estava com sua boca  escancarada! quanta beleza, quanta riqueza!

Chegando ao quarto real, ele deparou-se com a janela, vista incrível! Mas foi direcionado para o extenso armário do príncipe, e daí ficou indeciso... ele deparava-se com uma roupa mais bonita que a outra... O filho do rei teve que tomar a atitude de vestí-lo com uma veste talar de mangas compridas. O decote era fantastico...

Ao vestir-se, o mendigo pegou sua trouxa de roupas sujas e rasgadas e colocou debaixo do braço. Antes de sair, O filho do rei, vendo isso, lhe pergunta: porque não jogas esses trapos fora? O "mendigo" responde: ah não! deixa assim, pois quando essas roupas novas se gastarem eu posso muito bem precisar desses trapinhos... e vou guardá-los bem! - E, não dando vez para uma resposta, este se retira do quarto, agradecendo pelo presente.

Durante a festa, que começara a pouco, o mendigo permaneceu com sua trouxa de roupas debaixo do braço e não podia se servir, nem comer direito, pois a trouxa o atrapalhava e com uma só mão era difícil manusear as coisas. Ficou irritado, porque pretendia permanecer a todo o custo com a roupa, mas não conseguiu divertir-se na festa.

Ao sair do castelo, descendo as grandes escadarias da entrada, tropeçou. Em seu descuido, não havia percebido que uma parte de seu trapo enrolou-se em sua perna... Uma grande multidão se pôs a sua volta. Olhares horrorizados indicavam a gravidade da situação. Ao chegar ate os ouvidos do rei esta notícia, ele se aproximou,  se ajoelhou proximo ao corpo frio do pobre sujeito e chorou:
-Não precisava ser assim... não precisava... as roupas que eu mandei te dar, eram as mais especiais, jamais se gastariam.

O Senhor tem nos dado novas vestes, vestes que não se gastam, que são santas...

o que lhe impede de largar seus trapos ? Não deixe isso tirar a sua vida...

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