sábado, 30 de janeiro de 2010

O equilibrista - Cataratas do Niagara

Mais ou menos sessenta anos atrás, havia um grande equilibrista, um homem que conseguia andar num cabo fino como você e eu andamos na calçada. Ele se tornou muito famoso, e seu empresário o levou para andar em cima das cataratas do Niágara, perto da divisa entre Ontário (Canadá) e o estado de Nova York (Estados Unidos). Milhares de pessoas pagaram para ver o espetáculo. O equilibrista andou no cabo, balançando-se só com os braços estendidos, com a morte assegurada se ele caísse. Quando conseguiu atravessar e voltar a multidão aplaudiu por dois minutos seguidos! Mas ele não havia terminado. Andou de novo empurrando um carrinho de mão. O desafio agora era que não podia usar os braços para se equilibrar. A multidão nem respirava. Uma segunda vez, ele atravessou e voltou.




O empresário dele começou a proclamar as virtudes do equilibrista. “Eu não conheço ninguém que se compare a ele. É tão bom que pode levar uma pessoa no carrinho de mão! Ele é forte! Ele tem uma habilidade inédita! Para provar isso, ele fará a perigosa viagem mais uma vez carregando um saco de areia de 75 quilos no carrinho.” A multidão ficou atônita. Dessa vez, quando ele andou, o cabo descia num ângulo mais baixo, por causa do peso. Várias mulheres desmaiaram. Na volta, dava para ver o suor em sua testa quando empurrava o carrinho na subida, ao final. Chegou! A multidão explodiu! Silvos, gritos, abraços, emoções inéditas de alegria, de celebração e de alívio.



Depois de vários minutos, o empresário conseguiu a atenção da multidão de novo. “Agora, senhoras e senhores, o equilibrista fará uma última viagem, só que dessa vez haverá uma pessoa dentro do carrinho! Vocês são testemunhas de que ele pode fazer isso. Ele já o fez em outros lugares antes. Quem se candidata a participar dessa incrível aventura?” Ninguém se ofereceu. O empresário continuou proclamando as virtudes do equilibrista, desafiando a multidão para alguém se oferecer, chegando mesmo a mostrar-se surpreso e triste pela incredulidade da platéia diante de tantas provas. Depois de dez minutos, o equilibrista aproximou-se do empresário e pegou o microfone. Olhando para o empresário, colocou sua mão no ombro dele e perguntou em voz baixa: “Você vai comigo?”.



O empresário se assustou. Olhou para um lado e para outro. Não sabia o que dizer. Finalmente, baixou a cabeça e foi embora.



E aí, você teria coragem de entrar no carrinho?



Muitos de nós somos como esse empresário. Às vezes, dizemos para outras pessoas, com absoluta confiança, que existem soluções. Apontamos o caminho. Encorajamos. Exortamos. Desafiamos. Ficamos tristes com a falta de fé dos outros e com o fato de não seguirem o caminho claro que estamos indicando. Mas, quando chega nossa vez de sair da teoria para entregar nossa vida, de nos arriscar nas mãos desse Deus que quer nos carregar, abaixamos a cabeça e vamos embora.

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