O pastor vinha pregando sobre a importância de uma consciência limpa, exortando seus ouvintes sobre a necessidade da confissão de pecados, e, quando possível, compensar o mal causado a outros. Ao final do culto um jovem, membro da igreja, foi falar com o pastor. Estava com um semblante atribulado.
– Pastor, o senhor me colocou em uma situação difícil. Fui injusto com alguém e tenho vergonha de confessar ou mesmo procurar tal pessoa para acertar a situação. Sabe, sou construtor de barcos e o homem para quem trabalho é ateu. Sempre falo com ele sobre a necessidade de crer em Cristo e insisto para que venha ouvi-lo pregar, mas ele zomba de mim e me ridiculariza. Porém, sou culpado de algo muito sério e se confessar diante dele arruinará meu testemunho para sempre.
Ele contou, então, que há algum tempo começara a construir um barco em seu quintal. Esse tipo de construção requer pregos de cobre, pois não oxidam em contato com a água. Como os pregos são muito caros, ele havia levado para sua casa grande quantidade deles, para usar em seu barco. Sabia que estava roubando, mas tentou poupar sua consciência, dizendo a si mesmo que seu patrão tinha tantos que não daria falta, e que, além disso, ele não recebia um salário justo. Todavia, aquela mensagem o levou a encarar o fato de que era um ladrão como qualquer outro e que não há desculpa para tais ações.
– Entende pastor? Eu não posso chegar para o meu patrão e contar o que fiz nem mesmo dizer que vou reembolsá-lo pelos pregos que usei e devolver os que sobraram. Se fizer isso ele pensará que sou um hipócrita. Esses pregos de cobre estão penetrando minha consciência. Sei que não terei paz enquanto não acertar esta situação.
A luta continuou por várias semanas. Então, numa certa noite, ele disse:
– Pastor, acertei a questão dos pregos de cobre e minha consciência finalmente está tranqüila.
– O que aconteceu quando você confessou ao seu chefe o que acontecera? – perguntou o pastor.
– Ah, ele me olhou de um jeito esquisito e falou: “George, realmente sempre achei que você fosse um hipócrita, mas agora começo a perceber que, afinal de contas, deve haver algo bom nesse cristianismo. Se foi capaz de levar um empregado desonesto a arrepender-se, a confessar que vinha roubando pregos de cobre e, ainda, a se oferecer para restituí-los, merece ser seguido.”.
Após pedir permissão, o pastor compartilhou a história diversas vezes. Muitas pessoas o procuravam depois para explicar como os “pregos de cobre” as estavam perfurando.
Uma senhora confessou:
– Também tenho “pregos de cobre” em minha consciência.
– Como assim? A senhora não é construtora de barcos.
– Não. Sou apaixonada por livros e tenho ficado com vários livros que pertencem a um amigo, cujo salário é muito maior que o meu. Na noite passada decidi livrar-me dos “pregos de cobre”. Devolvi os livros e confessei o meu pecado.
Bem diz a Palavra de Deus: “Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano. Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. Pelo que todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no trasbordar de muitas águas, estas a ele não chegarão” (Sl 32.1-6).